A minha terra
É CAMPO MAIOR;
Não há no País,
Para mim, outra melhor
Ó! LINDA TERRA
TERRA abençoada
Quando penso em ti
Não sei pensar em mais nada.
Tens raparigas
Que são bem formosas,
Parecem escolhidas,
Dum bouquet de lindas rosas.
Outras, ainda,
De vestes garridas,
Semelham rubras papoilas.
REFRÂO
Campo Maior,
Meu torrão abençoado
São felizes os que vivem
Sob esse teu Sol doirado.
CAMPO MAIOR
Foi teu nome inicial,
Mas quis Deus que tu crescesses
P´ra seres grande em Portugal.
O teu Castelo
É dos mais formosos,
E foi reforçado
Entre tempos bem revoltosos;
Entre os mais belos,
É um dos primeiros,
Sem nunca ruir
Resistiu aos "estrangeiros"!
Uma janela
Nele foi rasgada
(estilo manuelino),
A rigor delineada,
Nobre castelo,
Bem tradicional;
É, sem paralelo,
MONUMENTO NACIONAL.
Os teus trigais,
Vastos, bem cuidados,
Verdadeiro encanto
De papoilas salpicados,
Espigas doiradas,
Que o Sol faz brilhar,
Que ceifeiras lindas,
A seu tempo vão ceifar.
E na lavoura
Tu és dos primeiros;
É ver os teus campos
Pejadinhos de oliveiras,
Ó! Alentejo
Toda a gente o diz
Tens orgulho em ser
O CELEIRO DO PAÍS.
Na minha terra
O trabalhador,
Trabalha cantando,
De manhã até o Sol pôr,
Sulcando os campos,
Á charrua atento,
Nem que esteja frio
Faça chuva ou haja vento.
As raparigas
São de igual teor
Ou não fossem elas
Filhas de Campo Maior.
Lá nas vindimas,
Quem as quer ouvir,
Entoando rimas,
Colhem cachos, a sorrir.
Em vários campos,
Vá lá, p´ra remate,
Deu a minha terra
Rebentos de bom quilate.
Que, em toda a parte,
Aquem, além mar,
Com valor e brio,
A têm sabido honrar.
Ó! Nobre Vila,
Flor do Alentejo,
Por muito que eu corra,
Como tu nenhuma vejo,
Terra querida,
Meu Torrão Natal,
POr ti, dava a vida,
Cantinho de Portugal.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
TORTURA
Tirar dentro do peito a Emoção
A lúcida Verdade, o Sentimento!
-E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
-E ser,depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
FLORBELA ESPANCA
A lúcida Verdade, o Sentimento!
-E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
-E ser,depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
FLORBELA ESPANCA
sábado, 13 de junho de 2009
À VILA DE CAMPO MAIOR
Vila de Campo Maior foste vila de reinados
Tens um castelo imponente que mostra os tempos passados
Tua janela arrendada era janela de rei
E eu tão pobrezinha era tantas vezes lá brinquei
Hoje estás abandonado mas mesmo assim tens beleza
És o refúgio mais belo onde vai a camponesa
Por entre as tuas muralhas se avistam campos além
Searas de trigo louro saindo da terra mãe
Tu tens moinhos de vento de tempos que já lá vão
Ainda existem as mós que faziam a farinha para dela vir o pão
Campo Maior és uma bênção neste nosso Portugal
Não há vila do País que a ti se torne igual
Azeitona Cordovil das tuas terras provém
Chamam-lhe azeitonas de Elvas mas direitos não lhes tem
Ó camponesa ceifeira com pandeireta tocando
Teu cantar é melodia quando tu andas bailando
És arraçada em mourama camponesa d'uma figa
Tens olhos cor de azeitona cabelos negros ao vento
E pele cor de uma espiga
Rosa Dias
Tens um castelo imponente que mostra os tempos passados
Tua janela arrendada era janela de rei
E eu tão pobrezinha era tantas vezes lá brinquei
Hoje estás abandonado mas mesmo assim tens beleza
És o refúgio mais belo onde vai a camponesa
Por entre as tuas muralhas se avistam campos além
Searas de trigo louro saindo da terra mãe
Tu tens moinhos de vento de tempos que já lá vão
Ainda existem as mós que faziam a farinha para dela vir o pão
Campo Maior és uma bênção neste nosso Portugal
Não há vila do País que a ti se torne igual
Azeitona Cordovil das tuas terras provém
Chamam-lhe azeitonas de Elvas mas direitos não lhes tem
Ó camponesa ceifeira com pandeireta tocando
Teu cantar é melodia quando tu andas bailando
És arraçada em mourama camponesa d'uma figa
Tens olhos cor de azeitona cabelos negros ao vento
E pele cor de uma espiga
Rosa Dias
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Hino à Primavera
Esses campos verdejantes
que percorremos a eito...
Já não são o que eram antes,
fazem-nos abrir o peito.
Deles rebentam flores
de várias tonalidades...
crescem com elas amores
e algumas amizades.
O cantar dos passarinhos
dá nova fisionomia.
Dá-nos festas e carinhos
e também dá alegria.
O chocalhar dos chocalhos
do gado que anda a pastar...
É uma linda melodia
que nos incita a amar.
O cheiro que a terra deita
é cheiro entontecedor,
tal qual como quem espreita
o despertar do amor.
Esses campos verdejantes,
são mais lindos, mais dourados,
são o lugar dos amantes e de muitos namorados.
Fernando Fitas
que percorremos a eito...
Já não são o que eram antes,
fazem-nos abrir o peito.
Deles rebentam flores
de várias tonalidades...
crescem com elas amores
e algumas amizades.
O cantar dos passarinhos
dá nova fisionomia.
Dá-nos festas e carinhos
e também dá alegria.
O chocalhar dos chocalhos
do gado que anda a pastar...
É uma linda melodia
que nos incita a amar.
O cheiro que a terra deita
é cheiro entontecedor,
tal qual como quem espreita
o despertar do amor.
Esses campos verdejantes,
são mais lindos, mais dourados,
são o lugar dos amantes e de muitos namorados.
Fernando Fitas
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água(quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água(quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
terça-feira, 5 de maio de 2009
Eu
Até agora eu não me conhecia
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!
Andava a procurar-me-pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!
Florbela Espanca
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!
Andava a procurar-me-pobre louca!-
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!
Florbela Espanca
Em vão
Passo triste na vida e triste sou
Um pobre a quem jamais quiseram bem!
Um caminhante exausto que passou
Que não diz onde vai nem donde vem.
Ah! Sem piedade, a rir, tanto desdém
A flor da minha boca desdenhou!
Solidário convento onde ninguém
A silenciosa cela procurou!
E eu quero bem a tudo, a toda a gente...
Ando a amar assim, perdidamente,
A acalentar o mundo nos meus braços!
E tem passado, em vão, a mocidade
Sem que no meu caminho uma saudade
Abra em flores a sombra dos meus passos!
Florbela Espanca
Um pobre a quem jamais quiseram bem!
Um caminhante exausto que passou
Que não diz onde vai nem donde vem.
Ah! Sem piedade, a rir, tanto desdém
A flor da minha boca desdenhou!
Solidário convento onde ninguém
A silenciosa cela procurou!
E eu quero bem a tudo, a toda a gente...
Ando a amar assim, perdidamente,
A acalentar o mundo nos meus braços!
E tem passado, em vão, a mocidade
Sem que no meu caminho uma saudade
Abra em flores a sombra dos meus passos!
Florbela Espanca
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Como pálpebras roxas que tombassem
Sobre uns olhos cansados, carinhosas,
A noite desce... Ah! doces mãos piedosas
Que os meus olhos tristíssimos fechassem!
Assim mãos de bondade me embalassem!
Assim me adormecessem, caridosas,
E em braçadas de lírios e mimosas,
No crepúsculo que desce me enterrassem!
A noite em sombra e fumo se desfaz...
Perfume de baunilha ou de lilás,
A noite põe-me embriagada, louca!
E a noite vai descendo, muda e calma...
Meu doce Amor, tu beijas a minh'alma
Beijando nesta hora a minha boca!
Florbela Espanca
Sobre uns olhos cansados, carinhosas,
A noite desce... Ah! doces mãos piedosas
Que os meus olhos tristíssimos fechassem!
Assim mãos de bondade me embalassem!
Assim me adormecessem, caridosas,
E em braçadas de lírios e mimosas,
No crepúsculo que desce me enterrassem!
A noite em sombra e fumo se desfaz...
Perfume de baunilha ou de lilás,
A noite põe-me embriagada, louca!
E a noite vai descendo, muda e calma...
Meu doce Amor, tu beijas a minh'alma
Beijando nesta hora a minha boca!
Florbela Espanca
Alentejano
Deu agora meio-dia; o sol é quente
Beijando a urze triste dos outeiros.
Nas ravinas do monte andam ceifeiros.
Cantam as raparigas, brandamente,
Brilham os olhos negros, feiticeiros;
E há perfis delicados e trigueiros
Entre as altas espigas de oiro ardente.
A terra prende aos dedos sensuais
A cabeleira loira dos trigais
Sob a bênção dulcíssima dos Céus.
Há gritos arrastados de cantigas...
E eu sou uma daquelas raparigas...
E tu passas e dizes: « Salve-os Deus!»
Florbela Espanca
Beijando a urze triste dos outeiros.
Nas ravinas do monte andam ceifeiros.
Cantam as raparigas, brandamente,
Brilham os olhos negros, feiticeiros;
E há perfis delicados e trigueiros
Entre as altas espigas de oiro ardente.
A terra prende aos dedos sensuais
A cabeleira loira dos trigais
Sob a bênção dulcíssima dos Céus.
Há gritos arrastados de cantigas...
E eu sou uma daquelas raparigas...
E tu passas e dizes: « Salve-os Deus!»
Florbela Espanca
quinta-feira, 26 de março de 2009
POEMAS DEDICADOS À MULHER
MULHER
Nascemos de amores perfeitos
Corremos nuas na areia
Nadamos em mares de lama
Vestimo-nos de prata e fogo
Lutamos como guerreiras
Limpamos as nossas armas
Damos a mão ao sonho
Dormimos sozinhas na cama
Sorrimos por entre lágrimas
Amamos os frutos da vida
Somos MULHERES
INTEIRAS!
Nascemos de amores perfeitos
Corremos nuas na areia
Nadamos em mares de lama
Vestimo-nos de prata e fogo
Lutamos como guerreiras
Limpamos as nossas armas
Damos a mão ao sonho
Dormimos sozinhas na cama
Sorrimos por entre lágrimas
Amamos os frutos da vida
Somos MULHERES
INTEIRAS!
Poeminha à Mulher
Eu quiz fazer um poema,
Cantar, em verso a mulher,
Mas vejo só um dilema,
Meu tormento e agonia:
Como fazer um poema
Para a própria poesia?
António Manuel Abreu
Cantar, em verso a mulher,
Mas vejo só um dilema,
Meu tormento e agonia:
Como fazer um poema
Para a própria poesia?
António Manuel Abreu
MULHER
Mulher, que és berço da Humanidade
Trazendo no teu ventre cada ser
Que pela tua força há-de nascer
Num momento de rara felicidade
Mulher, que tens os filhos e os crias
A eles dando o grande amor que tens
Que são na tua vida enormes bens
Com quem repartes mimos e alegrias
Mulher, que a fome escondes para dar
Muitas vezes a quem tu amas tanto
Que o fazes na ternura, no encanto
Que ninguém como tu sabe mostrar
Mulher, que já esgotada na canseira
Dum dia que foi duro... e que no lar
Hás-de inda prosseguir a trabalhar
Ás vezes sem dormir a noite inteira
Mulher, que tão depressa homem te ama
Como logo a seguir te martiriza
Mas que te trata bem quando precisa
Que amor faças com ele em vossa cama
Que sofres quando o filho que partiste
E que puseste com amor na Terra
Vês partir para longe,para a guerra
Que nem sabes sequer porque é que existe
Que um dia alguém te põe alto num trono
Feliz por exibir tua beleza
Que depois sem ter ponta de tristeza
Te deixa pela rua ao abandonop
Que sofres tanta vez a amargura
De saber o que é a solidão
Que deste tanta vez teu coração
E agora estando só ninguém procura
Mulher, quero deixar-te o meu apreço
Render-me às qualidades que proclamo
Não sei se tudo já de ti conheço
Mas sei que te respeito e que te amo.
Joaquim Sustelo
Mulher, que és berço da Humanidade
Trazendo no teu ventre cada ser
Que pela tua força há-de nascer
Num momento de rara felicidade
Mulher, que tens os filhos e os crias
A eles dando o grande amor que tens
Que são na tua vida enormes bens
Com quem repartes mimos e alegrias
Mulher, que a fome escondes para dar
Muitas vezes a quem tu amas tanto
Que o fazes na ternura, no encanto
Que ninguém como tu sabe mostrar
Mulher, que já esgotada na canseira
Dum dia que foi duro... e que no lar
Hás-de inda prosseguir a trabalhar
Ás vezes sem dormir a noite inteira
Mulher, que tão depressa homem te ama
Como logo a seguir te martiriza
Mas que te trata bem quando precisa
Que amor faças com ele em vossa cama
Que sofres quando o filho que partiste
E que puseste com amor na Terra
Vês partir para longe,para a guerra
Que nem sabes sequer porque é que existe
Que um dia alguém te põe alto num trono
Feliz por exibir tua beleza
Que depois sem ter ponta de tristeza
Te deixa pela rua ao abandonop
Que sofres tanta vez a amargura
De saber o que é a solidão
Que deste tanta vez teu coração
E agora estando só ninguém procura
Mulher, quero deixar-te o meu apreço
Render-me às qualidades que proclamo
Não sei se tudo já de ti conheço
Mas sei que te respeito e que te amo.
Joaquim Sustelo
terça-feira, 24 de março de 2009
A Flor do Sonho
A Flor do Sonho,alvíssima, divina,
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...
Milagre...fantasia...ou, talvez, sina...
Ó flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...
Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voouao longe a asa da minh'alma
E nunca,nunca mais eu me entendi...
Florbela Espanca
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...
Milagre...fantasia...ou, talvez, sina...
Ó flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...
Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voouao longe a asa da minh'alma
E nunca,nunca mais eu me entendi...
Florbela Espanca
segunda-feira, 23 de março de 2009
Lágrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E caí num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E caí num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
Os Silêncios
Não entendo os silêncios
que tu fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo
Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo que não
digo
Se te calas
eu oiço e eu invento
Se tu foges
eu sei, não te persigo
Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo
Maria Teresa Horta
que tu fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo
Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo que não
digo
Se te calas
eu oiço e eu invento
Se tu foges
eu sei, não te persigo
Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo
Maria Teresa Horta
sábado, 14 de março de 2009
Por Delicadeza
Bailarina fui
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei
Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado
Dançarina fui
Mas nunca bailei
Deixei-me ficar
Na prisão do rei
Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado
Bailarina fui
Mas nunca bailei
Minha vida toda
Como cega errei
Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse
Também eu direi
«Juventude ociosa
Por tudo iludida
Por delicadeza
Perdi minha vida».
Sophia de Mello Breyner Andersen
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei
Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado
Dançarina fui
Mas nunca bailei
Deixei-me ficar
Na prisão do rei
Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado
Bailarina fui
Mas nunca bailei
Minha vida toda
Como cega errei
Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse
Também eu direi
«Juventude ociosa
Por tudo iludida
Por delicadeza
Perdi minha vida».
Sophia de Mello Breyner Andersen
quinta-feira, 12 de março de 2009
Sentido Renascido
Eu vos saúdo
ao lutador caído
ao poeta mudo
ao sábio escondido
ao deus perdido
ao saber abafado
desde o início do mundo.
Eu Vos Reverencio
ao pobre deprimido
a todo o ser autêntico
à força silenciado e reprimido
pelo cobarde poder
dos senhores deste mundo.
Eu Vos exalto e canto
aos que ainda tentam
sofrendo,rastejando
suando e sangrando
realizar-se em honra e justiça.
È hora de vos erguerdes,
convosco continuarei
a escandalizar este mundo
feito surdo.
Eu vos elogio
vos dirijo a minha vénia,
além de «sal»
Sois a força da Terra
que a um sopro vosso
retomará o fôlego perdido
e com maior ímpeto
que grande tufão
realizará, enfim, o inicial e perdido
sentido da criação.
Lurdes Mendes da Costa
ao lutador caído
ao poeta mudo
ao sábio escondido
ao deus perdido
ao saber abafado
desde o início do mundo.
Eu Vos Reverencio
ao pobre deprimido
a todo o ser autêntico
à força silenciado e reprimido
pelo cobarde poder
dos senhores deste mundo.
Eu Vos exalto e canto
aos que ainda tentam
sofrendo,rastejando
suando e sangrando
realizar-se em honra e justiça.
È hora de vos erguerdes,
convosco continuarei
a escandalizar este mundo
feito surdo.
Eu vos elogio
vos dirijo a minha vénia,
além de «sal»
Sois a força da Terra
que a um sopro vosso
retomará o fôlego perdido
e com maior ímpeto
que grande tufão
realizará, enfim, o inicial e perdido
sentido da criação.
Lurdes Mendes da Costa
Caminhar
Caminhar, caminhar, caminhar...
cair, levantar,
cair, levantar,
continuar,continuar, continuar.
Sofrer,aguentar,
como se a tortura não fosse nossa,
cair, levantar,
cair, levantar,
continuar, continuar, continuar.
À chuva, ao sol, ao relento,
na tempestade, no vendavál,
cair,levantar,
cair, levantar,
continuar, continuar, continuar.
Na lama, na lixeira,
na seca, na torreira,
cair, levantar,
cair, levantar,
continuar, continuar, continuar.
Nas areias movediças,
cair,levantar,
cair, levantar,
continuar, continuar, continuar.
Lurdes Mendes da Costa
cair, levantar,
cair, levantar,
continuar,continuar, continuar.
Sofrer,aguentar,
como se a tortura não fosse nossa,
cair, levantar,
cair, levantar,
continuar, continuar, continuar.
À chuva, ao sol, ao relento,
na tempestade, no vendavál,
cair,levantar,
cair, levantar,
continuar, continuar, continuar.
Na lama, na lixeira,
na seca, na torreira,
cair, levantar,
cair, levantar,
continuar, continuar, continuar.
Nas areias movediças,
cair,levantar,
cair, levantar,
continuar, continuar, continuar.
Lurdes Mendes da Costa
quarta-feira, 11 de março de 2009
Inventar o Amor
Quero inventar
o Amor
como quem cria
um Novo Cosmos,
um Novo Nome,
um Novo Som.
Fazer do meu sangue
uma Nova Era,
onde o nome dos que amo
seja letra de canção
e o teu seja o mote.
Dos meus gestos, uma harpa ultrassónica,
dos meus braços, uma galáxia fantástica,
ainda não descoberta,
do meu olhar, espectáculo
de raios laser e som,
do meu corpo, uma estátua perfeita,
que ninguém ouse profanar.
Pudesse a minha vida, por exemplar
ser modelo original
e
imaginar
Nova Ordem Solar
Lurdes Mendes da Costa
o Amor
como quem cria
um Novo Cosmos,
um Novo Nome,
um Novo Som.
Fazer do meu sangue
uma Nova Era,
onde o nome dos que amo
seja letra de canção
e o teu seja o mote.
Dos meus gestos, uma harpa ultrassónica,
dos meus braços, uma galáxia fantástica,
ainda não descoberta,
do meu olhar, espectáculo
de raios laser e som,
do meu corpo, uma estátua perfeita,
que ninguém ouse profanar.
Pudesse a minha vida, por exemplar
ser modelo original
e
imaginar
Nova Ordem Solar
Lurdes Mendes da Costa
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