Bailarina fui
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei
Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado
Dançarina fui
Mas nunca bailei
Deixei-me ficar
Na prisão do rei
Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado
Bailarina fui
Mas nunca bailei
Minha vida toda
Como cega errei
Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse
Também eu direi
«Juventude ociosa
Por tudo iludida
Por delicadeza
Perdi minha vida».
Sophia de Mello Breyner Andersen
3 comentários:
Olá Luísa,
estupendo este poema de Sophia de Mello Breyner Andersen.
Beijinhos,
Ana Martins
Mi vida nunca desate... es precioso este poema.
Un beso
Parece que vi minha própria vida. Lindo poema.
Enviar um comentário