sexta-feira, 12 de junho de 2009

Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água(quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

1 comentário:

Unknown disse...

Já conhecia este poema de António Gedeão e acho lindíssimo, é um verdadeiro hino à raça negra, todos diferentes, todos iguais!

Simplesmente maravilhoso!

Beijinhos,
Ana Martins