sábado, 13 de junho de 2009

À VILA DE CAMPO MAIOR

Vila de Campo Maior foste vila de reinados
Tens um castelo imponente que mostra os tempos passados
Tua janela arrendada era janela de rei
E eu tão pobrezinha era tantas vezes lá brinquei
Hoje estás abandonado mas mesmo assim tens beleza
És o refúgio mais belo onde vai a camponesa
Por entre as tuas muralhas se avistam campos além
Searas de trigo louro saindo da terra mãe
Tu tens moinhos de vento de tempos que já lá vão
Ainda existem as mós que faziam a farinha para dela vir o pão
Campo Maior és uma bênção neste nosso Portugal
Não há vila do País que a ti se torne igual
Azeitona Cordovil das tuas terras provém
Chamam-lhe azeitonas de Elvas mas direitos não lhes tem
Ó camponesa ceifeira com pandeireta tocando
Teu cantar é melodia quando tu andas bailando
És arraçada em mourama camponesa d'uma figa
Tens olhos cor de azeitona cabelos negros ao vento
E pele cor de uma espiga

Rosa Dias

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Primavera

Hino à Primavera

Esses campos verdejantes
que percorremos a eito...
Já não são o que eram antes,
fazem-nos abrir o peito.
Deles rebentam flores
de várias tonalidades...
crescem com elas amores
e algumas amizades.

O cantar dos passarinhos
dá nova fisionomia.
Dá-nos festas e carinhos
e também dá alegria.
O chocalhar dos chocalhos
do gado que anda a pastar...
É uma linda melodia
que nos incita a amar.
O cheiro que a terra deita
é cheiro entontecedor,
tal qual como quem espreita
o despertar do amor.

Esses campos verdejantes,
são mais lindos, mais dourados,
são o lugar dos amantes e de muitos namorados.

Fernando Fitas

Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água(quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão